sexta-feira, 21 de maio de 2010

É possível domar ou educar as paixões?


Em tempos de "Vale tudo", e pensando sobre uma ética contemporânea, me lembrei de um texto de Immanuel Kant, filósofo alemão. Kant assegura que o homem, afetado por tantas inclinações, é na verdade capaz de conceber a idéia de uma razão pura prática, mas não é tão facilmente dotado da força necessária para tornar eficaz no seu comportamento. Isso porque a moralidade para os seres humanos é o resultado pretendido de um processo educacional extensivo uma vez que atrás da educação repousa o grande segredo da perfeição da raça humana. A própria moralidade, ao menos no que concerne aos seres humanos, pressupõe a educação.

A moralidade não pode simplesmente ser um produto causal da educação, mas ela pressupõe a educação, uma vez que por natureza o ser humano não é um ser moral absoluto. Kant completa dizendo que a disciplina transforma a animalidade em humanidade. Diz que “transformar” não significa “erradicar”, disciplinar significa procurar evitar que a animalidade cause danos à humanidade. Disciplina seria, portanto uma maneira de domar a selvageria e Kant chama isso de “cultura negativa” ou “libertar a vontade do despotismo dos desejos”.

E por fim Kant coloca a moralização como a formação do caráter humano e o primeiro esforço da cultura moral deve ser, lançar os fundamentos do caráter. Para Kant o caráter consiste no hábito de agir segundo certas máximas e estas máximas, em princípio, são as da escola e, mais tarde, as da humanidade. Kant acreditava na formação moral como fomentadora da confiabilidade entre os homens e o entendimento pleno do estudante sobre o agir por dever somente será possível com o passar dos anos e, assim, sua obediência, a cada dia, será aperfeiçoada.

E para formar um bom caráter, Kant diz que é preciso domar as paixões, sem as erradicar. Para aprender a se privar de determinadas coisas; é necessário coragem e uma certa inclinação. É preciso acostumar-se às recusas e à resistência. Mas nem só de abstinências se forma um caráter. Kant afirma que este é formado também na sociabilidade, o educando deve manter boas relações de amizade, uma vez que apenas um coração contente é capaz de encontrar prazer no bem, e a etapa suprema da educação é a consolidação do caráter que consiste na resolução firme de querer fazer algo e colocá-lo em prática. Portanto Kant conclui, que para os jovens a quem isso ainda não é possível, a educação é imprescindível para sua liberdade.

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